sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ueba! Eu vi um Sarneycóptero!

E diz que o Itaquerão vai ficar pronto até 2012. Pra poder sediar o fim do mundo! Rarará!
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Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada pronta direto da Líbia: "Jornalistas são transferidos para o Hotel CORINTHIA". Continuam presos. Rarará! Foram transferidos pro Itaquerão! Colchonete cinco estrelas! Aliás, diz que o Itaquerão vai ficar pronto até 2012. Pra poder sediar o fim do mundo.
E adorei a lista das mulheres mais poderosas da "Forbes": 1) Angela Merkel; 2) Hillary Clinton; 3) Dilma Rousseff; 60) Gisele Bündchen. Agora bota todas peladas e refaz a lista. Classifiquem de novo! Rarará!
E o chargista Dalcio diz que o Sarney lançou uma nova obra-prima: "Helicópteros de Fogo". E a capa é a foto de um Sarneycóptero! E o Gaddafi? O Kagadafi! Continua o leilão de caftans exóticos. Eu quero todos!
Aliás, eu quero aquele banco dourado em forma de sereia com a cara da filha do ditador. Coleção kitsch! E eu tenho uma foto do Gaddafi com aqueles caftans exóticos que tá parecendo uma drag. KADRAG. Muammar Kadrag! E o chanceler da Líbia disse que a guerra acabou. Mas os combates continuam. Adorei esta: a guerra acabou, mas os combates continuam. Rarará!
E Palestina e Israel? Esta é a realidade do Oriente Médio: toda vez que tem ameaça de paz, eles saem brigando. É muita guerra mesmo, viu! Como já dizia o filósofo Bronco Ronald Golias: a civilização não se comportou!
E o filho do Neymar devia se chamar Gansinho! Rarará! Mamãe, eu pari um ganso! Rarará! E esta do Sensacionalista: "Filho do Neymar faz dez embaixadinhas no teste do pezinho". E já foi contratado pelo Real Madrid? Agora já tão contratando brasileiro na barriga da mãe!
E sabe como se chama o matemático que analisa a queda do Grêmio para a segundona? TRISTÃO Garcia! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece! Rarará!
O Brasileiro é Cordial! Mais uma placa do Gervasio na empresa dele lá em São Bernardo: "Se eu descobrir quem foi o morto de fome que comeu a minha coxa de frango e jogou o ossinho na pia, vou pegar esse ladrão de galinha e fazer ele engolir uma bola de basquete até obrar um ovo de avestruz. Conto com todos. Assinado: Gervasio".
Ueba! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

simao@uol.com.br

@jose_simao


Mãe do filho do jogador Neymar é a mulher invisível


Enquanto alguns jornalistas apontaram que Neymar adotou o bebê e não existe mãe alguma, G17 descobriu que se trata da mulher invisível, razão pela qual ninguém viu nem verá, pois só quem vê é o Neymar.

O nascimento do bebê teve a homenagem de Zeca Pagodinho, que cantou a música: “Você sabe quem é a mãe do filho de Neymar? – Nunca vi, não ... só ouço falar”.

A mãe invisível está na foto junto com Neymar, amigos, e o filho, mas ninguém pode enxergar por um motivo óbvio: ela é invisível. No último jogo da seleção brasileira, a mãe invisível esteve nos estúdios da Globo para ver Neymar jogar. Galvão Bueno chegou a comunicar ao vivo: “A mãe invisível do filho de Neymar está aqui nos estúdios”. Arnaldo César Coelho interrogou: - “Como você sabe?”. Galvão respondeu: “Simples! Porque eu não estou vendo”.




domingo, 14 de agosto de 2011

Globopornoesportes


Os leitores muito jovens ou mais velhos do Viomundo talvez não entendam a piada.

Existe um serviço de mensagens sobre o qual vocês certamente ouviram falar, o twitter.

No twitter, as mensagens acompanhadas do #pornogloboesporte bombaram nas últimas horas.

Tudo porque, na página do Globo Esporte que acompanhava o jogo Botafogo vs. América, pelo Campeonato Brasileiro, em tempo real, na hora de um dos gols do Botafogo em vez de aparecer o vídeo do replay apareceu um vídeo pornô.

A reprodução acima — que cortamos, porque tem criança na sala — é do momento-chave.

Pode parecer um erro bizarro, mas são coisas que acontecem na internet.

Porém, os tuiteiros deitaram e rolaram com as piadas:

dgb_master Denis Guilherme
Acho que algum estagiário vai ser demitido #pornogloboesporte
carlosnataniel Carlos ✔
‘Depois de hoje o futebol nunca mais será o mesmo #pornogloboesporte twitpic.com/65rqei
cmm103019174 Comunidade CartolaFC
Alguém vai se f….. com esse incidente do #pornogloboesporte… e não vai ser a mulher do vídeo… #PrayForEstagiario
ajoota Arildo Junior
twitpic.com/65rlpp – Vai ter moleque falando pra mãe “Mãe, vou ali no banheiro ver os gols da rodada.” #pornogloboesporte
OLeoBatista Léo Batista
Para o Globo Esporte, o futebol será uma eterna pelada. #pornogloboesporte
VovoRock Vovó Rock
Aí estão os princípios editorias da Globo! twitpic.com/65qhpz #pornogloboesporte
Luisa_Stern Luísa Helena Stern
Site #pornogloboesporte veicula um video educativo, ensinando como entrar na área do adversário… rsrsrrsrs twitpic.com/65prag
OLeoBatista Léo Batista
Esse estagiário além de louco é vidente, estava prevendo que o América iria tomar de 4. #pornogloboesporte
DepreTorcidas Depre das torcidas
O gol do Elkesson foi tão bonito que os estagiários do GloboEsporte se excitaram!! #PornoGloboEsporte

Ah, sim, o jogo terminou 4 a 2 para o Botafogo.

PS do Viomundo: A dica foi dada pela Conceição Oliveira, a @maria_fro no twitter.

O que o deputado Fábio Bolsonaro disse sobre a juíza assassinada no twitter (e não foi de brincadeira)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

GOL DO DEPUTADO ROMARIO




O que Ricardo Teixeira fez com Romário não se faz.


O baixinho ajudou a classificar a seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 94 e foi o principal responsável pela vitória do Brasil.


Ricardo Teixeira boicotou Romário, não o convidou para o evento do sorteio das eliminatórias da Copa realizado no Rio. Em vez do baixinho, Teixeira chamou Cafu.
O dono do futebol brasileiro quis se vingar do deputado Romário por ele ter proposto a abertura de uma CPI para investigar negócios da CBF.

O deputado federal Romário lançou um blog. E começa logo entrevistando o inimigo número um da Fifa, o repórter investigativo escocês Andrew Jennings.

acoelhof

Do blog do deputado Romário:




Jornalista Andrew Jennings concede entrevista exclusiva ao deputado Romário
O jornalista escocês Andrew Jennings é repórter investigativo há 30 anos e comanda um programa de grande audiência na TV inglesa BBC.


Depois de investigar a máfia italiana, a corrupção na Scotland Yard (policia inglesa), há 13 anos comprou uma guerra com a poderosa Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Passou, então, a ser o principal inimigo dos dirigentes esportivos internacionais. Descobriu, entre outras coisas, que as eleições internas são compradas, há manipulação de resultados de jogos e negociatas para a escolha de países-sedes da Copa do Mundo.


Reuniu tudo no livro, recém-lançado no Brasil: Jogo Sujo, o Mundo Secreto da FIFA. “São negócios que fariam corar a máfia italiana”, afirmou Jennings.

Romário – Há quanto tempo você vem investigando a corrupção no esporte?


Andrew Jennings – Eu tenho sido um repórter investigativo há 40 anos e 20 anos atrás eu estava investigando a máfia de Palermo e as suas operações na Europa, Reino Unido e América do Norte. Um dia, durante as filmagens em Palermo, fiquei frente a frente com um mafioso muito irritado, que nos mandou parar de filmar. Esta experiência e entendimento de como as famílias do crime organizado operam foi o treinamento perfeito para o próximo alvo – as federações esportivas internacionais. Eu pensei que este trabalho não iria durar muito tempo. Vinte anos depois ainda estou desenterrando evidências de corrupção – especialmente na FIFA! Não tenho dúvidas de que a FIFA é uma família do crime organizado e que Blatter (presidente da FIFA) mantém a sua influência distribuindo fartamente ingressos da Copa do Mundo.

RomárioPor que está tão interessado em Ricardo Teixeira, na CBF e no envolvimento deles na Copa do Mundo de 2014?

Andrew Jennings – Qualquer fã – ou repórter – tem de estar interessado em quem está hospedando a próxima Copa do Mundo e como os preparativos estão indo. Após a corrupção na África do Sul quando tantos estádios de futebol desnecessários foram construídos – e os lucros que foram para políticos e empreiteiros corruptos – o Brasil, que ainda tem de superar a pobreza, será analisado pelo resto do mundo. Globalmente, não há confiança na CBF. Há também pouca confiança nas demonstrações freqüentes do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, de que o Brasil não está se preparando rápido o suficiente. Se isso é verdade ou não, de qualquer maneira, observadores internacionais notam a relação calorosa entre Teixeira e Valcke. O Brasil precisa resistir à pressão da FIFA. Estou certo de que nos últimos anos, Blatter prometeu a Teixeira que o brasileiro seria o próximo presidente da Fifa. Mas com os dois envolvidos em tantos escândalos, isso é menos provável.

RomárioQuem é Ricardo Teixeira, no contexto do futebol internacional?

Andrew Jennings – Poucos fãs fora do Brasil não reconheceriam Teixeira na rua. Aqueles que o conhecem veem um homem que se tornou rico e poderoso explorando o futebol brasileiro e a FIFA. As notícias internacionais expõem histórias sobre seu envolvimento em contratos duvidosos da Copa do Mundo.Teixeira está permanentemente envergonhado pelo relatório Dias de 2001 (refere-se ao relatório elaborado pelo senador Álvaro Dias durante a CPI do Futebol), que foi relatado internacionalmente. “Tricky Ricky ‘ o apelido de Ricardo Teixeira, está agora se espalhando ao redor do mundo.

Romário Como o Brasil conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014?


Andrew Jennings – Blatter, o poderoso chefão da mafia, tem que manter seus Sub-Chefes ao redor do mundo felizes. Ricardo queria sua própria Copa do Mundo para saquear. A melhor maneira de Blatter mantê-lo fiel era deixá-lo organizar a Copa de 2014. Depois que a África do Sul foi roubada em 2000, quando perdeu a sede da Copa do Mundo de 2006 – subornos foram pagos em nome da Alemanha – a África ficou furiosa. Blatter apressadamente introduziu a idéia de girar a Copa do Mundo entre os continentes. Em seguida, a África do Sul conseguiu sediar o evento em 2010 e 2014 foi prometida à América do Sul. Vocês (brasileiros) têm que descobrir que negócios foram feitos secretamente entre Teixeira e o resto dos países que formam o Comnebol.


Romário – Você se refere aos segredos em Zug? O que é essa história?

Andrew Jennings – Este é o grande escândalo da FIFA, maior do que qualquer outro que a instituição já se envolveu. Um verdadeiro espectro que tem assombrado Blatter, Teixeira e João Havelange na última década. Nas duas décadas passadas foram pagos grandes subornos por uma empresa suíça de marketing esportivo em retorno por terem sido concedidos contratos lucrativos para a Copa do Mundo FIFA. Essa empresa, ISL, foi à falência no início de 2001 e os gângsters na FIFA têm tentado desesperadamente, desde então, minar as investigações realizadas por promotores criminais.

Romário – Que tipo de suborno estamos falando?

Andrew Jennings – Sentei em um tribunal suíço em março de 2008 e ouvi um juiz revelar que a ISL havia pago cerca de US$ 100 milhões em subornos para obter os seus contratos. Os repórteres no tribunal ficaram surpresos com o valor. $ 100 milhões em subornos! Esta seria a maior história de corrupção na história da FIFA – e talvez do esporte mundial.

Romário – E as investigações continuaram?

Andrew Jennings – Esse caso tratava como os administradores da ISL tinham se comportado mal. As investigações da polícia continuaram em relação aos subornos e o caso foi resolvido fora do tribunal, no verão do ano passado – o anúncio foi feito durante a Copa do Mundo na África do Sul e teve pouca atenção. A declaração formal do procurador em Zug disse: juiz de instrução Thomas Hildbrand, em agosto de 2008, começou uma investigação sobre alegações de que certos membros do Comitê Executivo da FIFA receberam propina em contratos de marketing. Após cinco anos de investigações os acusados concordaram em pagar CHF 5.5 million e o caso foi encerrado.”

Romário – O que isso significa, em poucas palavras?

Andrew Jennings – Os três alvos da investigação tinham que confessar que sabiam sobre os subornos e que dois deles tinham aceitado propinas. Pagaram uma parte do dinheiro e, assim, garantiram o sigilo de suas identidades. Essa é a maneira suíça judicial de resolução de alguns casos criminais.

Romário – E a história acabou?

Andrew Jennings – Certamente que não. Nosso dever como jornalistas da BBC foi para descobrir quem havia admitido tomar o suborno. Sentimos que o mundo tinha o direito de saber.

Romário – Então o que você fez?

Andrew Jennings – Como todo repórter faz, nós fizemos inquéritos confidenciais na Suíça e soubemos muito mais. Assim, em 23 de maio deste ano eu apresentei um programa Panorama BBC no qual dei o nome do Ricardo Teixeira e do João Havelange como os dois funcionários da FIFA que haviam admitido ter recebido subornos. Eu também denunciei a FIFA – e aqui nós só podemos estar falando de Blatter – admitindo que o dinheiro devido à FIFA, da ISL, tinha sido desviado em subornos.

Romário – Você tem sido justo com Ricardo Teixeira?

Andrew Jennings – É claro. A BBC insiste que qualquer pessoa denunciada em um programa tem tempo suficiente para responder às acusações e nos conceder uma entrevista. Para ambos os programas nos quais citamos Teixeira – novembro do ano passado e maio deste ano – enviamos dois e-mails cada vez, informando-o das nossas alegações e convidando-o a participar do programa para contar o seu lado da história.

Romário – Como ele reagiu?

Andrew Jennings – Ele nunca respondeu. Ele ignorou e não aproveitou a oportunidade para negar qualquer coisa. Ao contrário, ele atacou a BBC e o jornalismo britânico como “corruptos. ‘Isso não é resposta para denúncias tão sérias e graves que estão documentadas. Quais são os documentos que você tem para provar que Teixeira – e Havelange – aceitaram suborno?
Para o nosso programa em novembro do ano passado consegui uma lista de 165 subornos pagos pela ISL a à maioria dos funcionários da FIFA – os US $ 100 milhões. Nós mostramos a lista na TV – destacando os nomes de Teixeira e Havelange. Nós também temos mais evidências de que Teixeira tinha aceitado cerca de US$ 10 milhões por meio de uma empresa chamada Liectenstein Sanud.

Romário – Por que foi tão importante?

Andrew Jennings – No relatório do senador Alvaro Dias, de 2001, sobre a corrupção na CBF, o parlamentar brasileiro identificou esta empresa estrangeira (Sanud) como sendo a fonte de dinheiro que foi para Teixeira. Mas ele não conseguiu descobrir e rastrear onde Sanud conseguiu o dinheiro. Mas nós encontramos – muitas vezes – na lista de propinas pagas pela empresa ISL. Assim, o dinheiro era lavado da Suíça para Liechtenstein e depois para o Brasil. Continua sendo uma decepção que o Ministério Público brasileiro não tenha agido sobre as revelações do relatório apresentado pelo senador Álvaro Dias.

Romário – O que pode acontecer agora?

Andrew Jennings – Investigamos e descobrimos que na lei suíça, é possível obter o relatório secreto da polícia revelando quem recebeu o suborno. Agora temos de convencer um tribunal suíço que é de interesse público a divulgação desta evidência. Isso vai acontecer – há um precedente legal importante.

Romário – O que você está fazendo para provar que Teixeira é um dos que aceitaram suborno?

Andrew Jennings – A BBC e alguns meios de comunicação suíços – e eu acredito que um jornal brasileiro – começaram um processo judicial formal na Suíça. O Ministério Público em Zug diz que está preparado para divulgar as provas, mas ele está sendo contestado pelos homens acusados. Eles (os acusados) estão gastando grandes somas com advogados suíços para argumentar contra a publicação desta informação. Parte do processo é que nos são dadas cópias das razões pelas quais a publicação está sendo bloqueada. Os advogados suíços dizem que seus clientes sofreriam “cobertura negativa da imprensa.” Sua reputação seria “danificado irreparavelmente.” Eles podem até sofrer ‘roubo ou seqüestro. “Estas cartas, judicialmente legais, identificam a FIFA, mas os outros dois homens são chamados de B2 e Z. A partir das descrições dadas temos evidências adicionais de que eles são Ricardo Teixeira e João Havelange.


Romário – Quanto tempo levará para o relatório secreto ser revelado?

Andrew Jennings – Pode demorar até 12 meses. O tribunal de Zug nos apoiou em 24 de maio, e agora os bandidos estão apelando para a próxima esfera. Eventualmente, ele vai acabar no Supremo Tribunal de Lausanne e estamos confiantes de que vamos obter os documentos e os culpados serão expostos.

Romário – Qual é a importância disso? O último suborno foi pago no início de 2001?


Andrew Jennings – As implicações são enormes. FIFA e os dois brasileiros serão expostos como bandidos. O mundo vai aprender que o homem encarregado da Copa de 2014 é corrupto. O dano à reputação do Brasil será imensa.

Romário – O que o Congresso do Brasil e o governo brasileiro devem fazer?

Andrew Jennings – É o momento para a presidente Dilma Rousseff tomar medidas para encerrar este escândalo. Meu conselho é que ela deve chamar Teixeira e dizer: ‘Por favor, venha ao meu escritório – e traga todo o processo que corre na Suíça com você. Eu quero ver esse relatório secreto e toda a correspondência na qual você está tentando bloquear da divulgação da mídia de alguma coisa de que você está sendo acusado de ter feito. “

Romário – E se ele se recusar?

Andrew Jennings – Então ele deve ser despejado rapidamente de qualquer parte da organização de 2014. E deve ir com sua família e aliados. Uma faxina no Comitê Organizador Local. Há uma abundância de talento no Brasil para substituí-los e produzir um grande torneio com o orçamento disponível.

Romário – O que mais pode ser feito?

Andrew Jennings – O Congresso Nacional também deve pedir para ver estes documentos suíços. E o Governo, por meio do Ministério das Relações Exteriores, também deve requerer junto ao governo suíço que os documentos se tornem públicos. É do interesse nacional do Brasil saber o que está acontecendo.

Romário – Ricardo Teixeira afirma que a BBC é controlado pelo governo britânico.

Andrew Jennings – Isso é um absurdo e ele deve saber isso. A BBC é totalmente independente de qualquer governo. Você deve se lembrar que, quando estávamos preparando o nosso programa em novembro do ano passado, o primeiro-ministro britânico David Cameron nos atacou por causa dos danos que poderíamos causar à candidatura dele na Inglaterra. Ele pareceu não compreender que a Inglaterra não pagar subornos, nunca poderíamos vencer.

Romário – Mas Ricardo Teixeira também diz que seus programas na BBC que o identificam como corrupto representam uma vingança porque a Inglaterra perdeu a sede da Copa do Mundo de 2018?

Andrew Jennings – Isso é um absurdo. Fizemos nosso primeiro programa expondo a ISL subornos aos altos funcionários da FIFA em Junho de 2006! O segundo programa, sobre as propinas pagas pela Alemanha, foi exibido em 2007 e o primeiro a identificar Ricardo Teixeira foi transmitido em novembro passado, três dias antes da votação para 2018 e 2022. Nosso dever como livre e independentes jornalistas britânicos foi para avisar o que iria acontecer na votação. E assim foi. E, claro, nós fizemos esses programas para demonstrar para a Inglaterra e para o resto do mundo que a única maneira de ganhar o direito de sediar o torneio é pagar subornos.

Romário – Algo mais a acrescentar?

Andrew Jennings – Adoro visitar meus amigos no Brasil e estou ansioso para um grande torneio no Brasil, em 2014, com o Ricardo Teixeira fora da organização. E que todos os orçamentos sejam públicos – para evitar a corrupção. Assim teremos uma grande festa!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Elitização e frustração



Carlos Lessa - Valor 10/08
Em economia, subentende-se que o acesso de uma pessoa aos bens e serviços materiais depende de sua renda pessoal e da quantidade e qualidade das políticas públicas, desde as estritamente sociais àquelas ligadas à fruição da cidadania.

A forma como se reparte a população por níveis de renda é a aproximação feita pela economia para ilustrar, sinteticamente, as desigualdades de padrão de vida. Entretanto, e mais além do poder de compra da renda pessoal, a qualidade de vida é afetada pelas regras de conviviabilidade e desenho institucional a respeito dos padrões comportamentais da população. O acesso às praias serve de ilustração.

A instituição portuguesa das terras de marinha - propriedade eternamente pública das terras lindeiras a tantas braças do preamar -, transplantada para o Brasil, garante livre acesso à orla marítima. Na Espanha, não houve essa instituição, e nos vizinhos hispano-americanos há a praia vedada, ou seja, aonde é impedido o livre acesso. A possibilidade do banho de mar é, no Brasil, garantida pela ordem jurídica, porém o acesso aos não moradores, vizinhos às praias, pode ser dificultado pela ausência de transporte.

Lembro-me de um governante do Rio de Janeiro que ficou surpreso ao constatar, por uma pesquisa, que seu gesto de estabelecer linhas de ônibus dos subúrbios às praias oceânicas era permanente na memória do povão, e considerado uma prova de respeito. Lembro-me, também, do sucesso da piscinas marítimas (piscinões) na Praia de Ramos e em São Gonçalo. Sei da tristeza dos moradores no interior do bairro da Ilha do Governador, quando associações de moradores dos vizinhos das praias conseguiram impedir a construção de outro piscinão.

Entretanto, com frequência, em vez de melhorar a qualidade de vida do povão, os governantes fazem o contrário. O povo cria um padrão de comportamento inovador, que lhe dá felicidade; gera inveja e interesses pecuniários associados que expulsam o povão ou dificultam a reprodução daquele padrão.

A escola de samba do carnaval abria a possibilidade mágica da transmutação do popular, ao vestir fantasia e desfilar para o público. Com a evolução do negócio do carnaval, a fantasia está longe do homem do povo. Aliás, surgiu o "dono de ala", que se responsabiliza em conseguir algumas dezenas de figurantes e, comercializando o lugar na ala, ganha do candidato uma importância em dinheiro. Agências de turismo vendem lugares a quem jamais sambou, mas quer contar para os amigos - ou futuramente para os netos - que desfilou no Sambódromo.

Existem chefes de alas que contratam com diversas escolas e oferecem um cardápio de fantasias a turistas candidatos. Hoje, o popular que samba depende de ser inserido numa "ala da comunidade", claramente minoritárias entre os milhares de não sambistas desfilantes. Nas arquibancadas, o preço de admissão vai expulsando o popular de baixa renda. A resposta do povo carioca foi prestigiar as escolas fora do Grupo Especial e fazer renascer os blocos de bairros. No carnaval passado, o Cordão do Bola Preta mobilizou 500 mil aderentes.

Agora, está sob ameaça outra das criações apaixonadas do povão brasileiro. A Fifa, com suas regras e o servilismo nacional, está "gentrificando" o futebol. As torcidas vão sendo desapropriadas de seu estilo de torcer. Creio que o povão brasileiro redefiniu, radicalmente, o football. Nelson Rodrigues disse que no football clássico inglês o jogador expulsa a bola, enquanto que no futebol brasileiro, o jogador buscou dominar a bola. Um jogo aristocrático, que apaixonou o nosso povão pois é barata a sua iniciação.

A bola pode ser improvisada, o campo pode ser um terreno baldio e, no limite, até mesmo um declive. As marcas de gol podem ser pedaços de pedra e é autorizado, na pelada de várzea, jogar com pés descalços e organizar o jogo com e sem camisa. A linha de passe aperfeiçoa o domínio da bola. Das micro torcidas locais, a paixão gerou a torcida dos clubes, a adesão irrestrita ao grande time e, nos campeonatos com outros países, a pátria se veste de verde e amarelo. Para minha surpresa, está organizada a Frente Nacional de Torcedores que, no limite, no final de um grande campeonato internacional terá algo como todo o povo brasileiro menos os recém-nascidos e os excêntricos.

O pequeno estádio evoluiu arquitetônica e operacionalmente para os grandes Pacaembu e São Januário, porém quando a Fifa decidiu fazer a Copa do Mundo de 1950 no Brasil foi construído o Maracanã. A partir do fiasco de 16 de julho, o "Maraca" foi consagrado como o templo máximo da paixão brasileira pelo futebol. Seu coração sempre esteve na geral, aonde o povão de fé vivia a sensação de estar unido aos torcedores do seu clube, sendo um só com a multidão, que vibrava a mesma voz. A geral foi mutilada a partir de 2005, com a restrição da Fifa ao torcedor em pé. Com isso foi reduzida a presença na geral, porém o torcedor ficou em cima da cadeira. Agora, sob o argumento de que a Fifa exige proteção climática com sombreamento e evolução para a "climatização"(!), o Rio irá gastar mais de R$ 1 bilhão para reduzir a apenas 76 mil o público que, no passado, chegou a 200 mil pessoas. A elitização pretende converter o templo da paixão em um teatro que apresenta a ópera futebolística. Obviamente, o custo de admissão vai expelir o povão do "Maraca".

A demolição da marquise do Maracanã e sua substituição por uma lona é uma violenta agressão arquitetônica a um totem brasileiro. Por que não utilizar o Engenhão até a recuperação da marquise? Além do domínio da bola, o brasileiro criou a emoção da festa de torcida. Por que uma política pública se dedica a expelir o povão de seu templo e anular um componente de felicidade? À má distribuição de renda pessoal, parece haver um esforço para "vedar" o povão às suas paixões e aumentar as frustrações.

Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

30 milhões incinerados num único evento


PEDRO PORFÍRIO - domingo, 31 de julho de 2011.

"Em janeiro de 2011, o Ministério do Esporte apresentou previsão de R$ 5,6 bilhões para 11 sedes, sem o custo do Itaquerão. Em junho, a previsão de gastos já chega a cerca de R$ 7 bilhões. Ou seja, somente o custo dos estádios já triplicou, considerando a previsão inicial de R$ 2 bilhões, em 2007".
Romário, ex-campeão mundial e deputado federal

Trinta milhões de reais no prelúdio extravagante do maior alçapão já montado pelos assaltantes do colarinho branco. Trinta milhões saídos dos cofres da Prefeitura carioca e do Estado do Rio de Janeiro, que mantêm professores e todo o funcionalismo a pão e água, muitos pagando para trabalhar. Que sonegam à população o direito fundamental à educação razoável e à saúde básica, tornando-a presa fácil dos tubarões do ensino e do impiedoso sistema privado de as sistência médica.

Trinta milhões para a exibição de luxo e riqueza, num evento de duas horas, cuja única finalidade era sortear as bolinhas das chaves eliminatórias da Copa do mundo de 2014, tudo segundo o figurino perdulário de uma máfia sem qualquer recato, a máfia multinacional da Fifa. Todo esse dinheiro foi disponibilizado de mão beijada aos esquemas da filha de Ricardo Teixeira, mafioso de carteirinha, que não terá obrigação de nos prestar contas pelo atalho contábil forjado na transferência blindada do dinheiro público a uma entidade privada.

Esse aperitivo faraônico que teve como cenário a Marina da Glória, do todo poderoso Eike Batista, é pinto diante da arquitetura de gastos irresponsáveis concebida para os dois eventos esportivos, que, por coincidência, acontecem em sequência num único embrulho, gerando uma bolha ilusória em dobro, na mesma sem-cerimônia dos comerciais de cerveja que, depois de instigar o consumid or a um porre, termina com um letreiro rápido de “beba com moderação”.

O espetáculo platinado é apenas, como se poderia dizer, a ponta de um iceberg colossal, que nutre a roubalheira de um script sedutor, revestindo com purpurinas cintilantes a rasteira em um povo já acostumado ao “me engana que eu gosto”.

É como se estivéssemos diante de um mau presságio explícito, de um grande golpe anunciado.

Conversas para enganar os trouxas

Diz-se que sediar a copa de futebol e os jogos olímpicos mundiais tem o condão de alavancar a vida econômica do Brasil, aumentar o PIB e, em particular, reposicionar a cidade do Rio de Janeiro no topo das metrópoles endeusadas. Propaga-se, na maior cara de pau, que a farra homérica de 2014 redundará no aumento das nossas exportações em 30%. E muito mais se diz na carrada obscena de engodos mirabolantes.

Por tal, o vale tudo corre solto. Qualquer excesso será compensado pelo orgulho das visitas esperadas, pela centralização das imagens esportivas que chegarão a todos os cantos do mundo, imagens televisivas que, aliás, serão a única forma dos brasileiros verem os espetáculos, a menos que tenham como morrer numa grana preta nos ingressos que terão o custo médio de um salário mínimo.

Não há arcabouço mais adequado para a rapina. Pelas fórmulas engendradas, o assalto acontecerá em nome das exigências supranacionais dos magos da Fifa e do Comitê Olímpico Internacionais. Se não for como querem, o pau come.

Na copa de futebol, primeira parada do trem da alegria dos “sanguessugas” do erário, a extravagância é ampla, geral, e irrestrita. O vale tudo começa pela festa nababesca que custou aos contribuintes o equivalente à construção de 6 escolas públicas para 400 alunos cada, e passa pelo esbanjamento fau stoso com estádios de futebol, pelas renúncias fiscais, envolvimento do BNDES no folguedo e a pela privatização-doação emoldurada dos aeroportos lucrativos.

No caso dos estádios, até a inteligência mais limitada é agredida. No Maracanã, a construtora do amigo íntimo do governador (em sociedade com outras duas empreiteiras) vai faturar 1 bilhão e lá vai picos na terceira reforma em menos de 12 anos. Em São Paulo, o estádio particular da Odebrecht-Coríntias terá só de renúncias fiscais da Prefeitura mais de 420 milhões de reais e ainda receberá uma boa grana do governo do Estado e do BNDES. Só a isenção representa deixar de construir 84 escolas para 33.600 alunos.

Extravagâncias ao gosto dos picaretas

Em Manaus, Brasília e Cuiabá, a extravagância tem os sintomas da insensatez mais tresloucada. Nessas cidades, onde se joga futebol da várzea, o dinheiro público será queimado já se sabendo que os estádios erguidos para quatro ou cinco jogos da Copa não terão mais serventia depois. No Amazonas, clubes como o América estão nos estertores. Enquanto isso, o Serra Dourada de Goiás, onde há tradição de futebol em nível nacional, foi descartado, porque Goiânia, distante 210 km da corte, ficou fora da lista.

No Ceará, um estádio que precisaria apenas de algum trato, foi posto praticamente no chão e deve consumir mais de 600 milhões do contribuinte. Em Pernambuco, nenhum dos três campos tradicionais será remodelado. A arena de lá está sendo construída a 25 km da capital, em São Lourenço da Mata, fora dos eixos naturais de transportes.

Em Minas, a reforma da Mineirão não sairá por menos de 700 milhões. Na Bahia, ao contrário das contas oficiais, a arena da Fonte Nova sairá por 835 milhões, segundo estimati vas da Transparência Brasil.

Em suma, considerando os vícios das obras em nosso país e a participação preponderante do dinheiro público, já se prevê que essas construções somarão mais de 11 bilhões no final das contas.

Comparativos expõem as vísceras da malandragem: aqui mesmo, o Palmeiras desembolsará não mais de 300 milhões na nova Arena Palestra Itália, com 45 mil lugares. Já na Alemanha, dois novos estádios acabam de ser erguidos: a Prefeitura de Mainz, capital do Estado da Renânia-Palatinado, precisou de apenas o equivalente a 140 milhões de reais para seu estádio de 34 mil lugares, incluindo nessa conta 35 milhões para a infraestrutura no seu entorno. Já o estádio do Augsburg, na Bavária, com 25.579 assentos, saiu por menos do equivalente a100 milhões de reais.

África do Sul ficou no prejuízo

Falamos apenas dos gastos com as praças de esporte. Elas representam menos da metade das despesas em nome da copa previstas nas cidades. E o retorno? Ao contrário da Alemanha e Estados Unidos, que não precisaram fazer gastos extraordinários porque já tinha estrutura para os eventos, em termos de futebol o exemplo da África do Sul é referencial.

O país de Mandela gastou US$ 4,9 bilhões em estádios e infraestruturas, que gerariam rendas imediatas de US$ 930 milhões derivadas do afluxo de 450 mil turistas. Quando foi ver, a rede privada de serviços só faturou US$ 527 milhões dos 309 mil turistas que de fato entraram no país no mês da competição. Nas previsões da CBF, a nossa Copa atrairá 500 mil turistas, que gastarão 3 bilhões de reais, ou seja 4 vezes mais do que na África do Sul – um cálculo pra lá de alucinado.

Os estádios com exce ção do Soccer City, de Johannesburgo, usado para jogos de rúgbi e shows, são conservados pela injeção de dinheiro público. A Cidade do Cabo paga US$ 4,5 milhões ao ano pela manutenção da arena de Green Point, erguida ao custo de US$ 650 milhões e usada apenas 12 vezes depois da Copa. Lá já discutem a demolição desse estádio ocioso.

Em se tratando de jogos olímpicos, só se pode falar de ganhos compensatórios mesmo nos de Barcelona, em 1992. Em contraste, o desastre de Atenas, em 2004, é visto como o ponto de partida da crise que levou a Grécia à bancarrota.

Num contexto internacional recheado de dúvidas, com os Estados Unidos na pindaíba e uma dívida colossal de 14 trilhões de dólares, tudo leva a crer que esses eventos vão ajudar a destrambelhar nossas vidas, ao contrário da falácia de quem já começou a engordar as contas com o desperdício do prelúdio luxuriante.

População já disse não aos gastos

Já há uma rejeição explícita das populações a essas farras. Uma pesquisa da Sport+Markt, divulgada há pouco, revelou a insatisfação da cidadania. No Rio de Janeiro, só 14,7% concordam com o uso de dinheiro público nos estádios. No Amazonas, 17%. Entre os que têm opinião formada, na cidade de São Paulo, 60,2% discordam e, no estado, essa rejeição chega a 64,2%. No país, dos que já têm opinião formada 63,7% disseram-se contrários aos gastos com estádios, superfaturados ou não.

No entanto, a onda avassaladora impulsionada pela mídia é capaz de nos encher os olhos de miragens orgásticas. E não é por acaso: a principal fonte de receita da FIFA com a Copa está na venda dos direitos de televisão para a qual há um grande intermediário que compra e revende os direitos para os principais países: a Infront Sports & M idia (ISM), operando através de sua subsidiária HBS (Host Broadcast Services). Há uma expectativa de que as imagens do certame alcançarão uma audiência acumulada de 30 bilhões de telespectadores, um atrativo apetitoso para os grandes anunciantes. É nesse nicho que a Rede Globo já está enturmada, embora tenha feito uma proposta 20% mais baixa do que a Record.

Haja o que houver nas duas competições, vê-se que a mídia é o segmento com maiores interesses e possibilidades de ganhos visíveis.

Daí, o empenho em dourar a pílula, independente do que possa acontecer a este país que não se pode dar ao luxo de jogar dinheiro fora.
O que se faria com o dinheiro gasto na preparação da Copa
O site Planeta Sustentável imaginou o que se gastaria com os 11 bilhões previstos para a Copa (essa previsão já está superada).

R$ 2,1 bi
ONDE Expansão do saneamento.
Para levar água tratada a 2,2 milhões de casas e coleta de lixo a 2,1 milhões - cerca de 20% do déficit de saneamento.

R$ 2,8 bi
ONDE Crédito para casas populares.
Para financiar a construção ou compra de 480 mil casas populares - 6% do déficit habitacional.

R$ 2,8 bi
ONDE Universalização da eletricidade.
Para levar luz a 1,6 milhão de pessoas no campo - 13% da população sem acesso à energia.

R$ 1,4 bi
ONDE Combate ao analfabetismo .
Para ensinar 600 mil jovens e adultos a ler e escrever - o que representa 4% a menos de analfabetos no país.

R$ 1,4 bi
ONDE Bolsa Família.
Para custear o programa por um ano para 1,8 milhão de famílias, que receberiam um auxílio mensal de R$ 62.

R$ 700 mi
ONDE Saúde da Família.
Para levar o programa Saúde da Família a mais 2 milhões de pessoas - superaria a população de Curitiba ou Recife.

Para o torcedor, Brasil-2014 vai ser a 'Copa da corrupção'

Revista Veja

A história das Copas do Mundo ensina que receber o torneio aumenta as chances de vitória da seleção que joga em casa. Nas últimas edições, porém, esse retrospecto vem sendo contrariado - nas últimas três décadas, apenas a França, em 1998, festejou a conquista de um Mundial como país-sede. Outro benefício atribuído à realização de uma Copa é o impulso no crescimento econômico da nação que acolhe a festa. Esse efeito positivo, no entanto, também provoca controvérsia: para muitos economistas, o reforço no PIB no ano do Mundial acaba sendo pulverizado nos anos seguintes, quando os lucros colhidos com o evento desaparecem e sobram apenas as contas deixadas pelas obras monumentais exigidas pela Fifa. Existe, ainda, outro desdobramento comum de uma Copa em casa, algo que causa um impacto mais evidente e imediato, ainda que seja mais difícil de ser mensurado. Trata-se de uma injeção poderosa de confiança e orgulho nacional, que desperta na população um clima de euforia pela chance de desfilar o sucesso de seu país diante do resto do planeta. Depois do oceano de bandeiras tricolores que cobriu a Alemanha em 2006 e do rugido das vuvuzelas que uniu a África do Sul em 2010 (leia mais no quadro no fim do texto), a Copa do Mundo corre o risco de amargar seu anticlímax em 2014 - justamente num lugar fascinado pelo futebol e, segundo consta, especialista em fazer uma grande festa. Se depender das expectativas atuais da torcida, o Mundial do Brasil será uma estrepitosa decepção, talvez até um vexame internacional. Pouca gente se sente satisfeita com a Copa. Menos gente ainda está ansiosa para ver o maior evento esportivo do planeta acontecer em seu próprio país.

A pouco menos de três anos para o início do Mundial, o site de VEJA recorreu a seus leitores para medir a percepção da torcida sobre 2014. Numa pesquisa de opinião realizada entre os dias 20 e 25 de julho, 1.879 pessoas de todas as regiões do país responderam a doze perguntas a respeito da Copa. Os leitores foram consultados sobre os preparativos do país, sobre o papel do poder público no evento, sobre as sensações provocadas pela realização do torneio e, claro, sobre as chances da seleção brasileira. O cenário desenhado pelos resultados da sondagem é absolutamente desastroso. Em todas as doze questões propostas, a opinião majoritária sempre foi negativa. Ainda mais alarmante para a Fifa, a CBF e o governo - os responsáveis pela escolha do país como sede, pela organização da Copa e pela realização das principais obras - é a dimensão desse pessimismo. Em nenhuma questão incluída na pesquisa há equilíbrio entre as respostas positivas e negativas. As piores opções possíveis foram assinaladas por uma sólida maioria dos participantes da sondagem. As amplas margens que separam os porcentuais favoráveis e desfavoráveis do levantamento não deixam dúvidas: hoje, a Copa do Mundo de 2014 não empolga nem cativa o torcedor, desperta temores sobre a imagem do brasileiro no exterior e provoca insatisfação por causa do gasto excessivo e pouco inteligente de dinheiro público nas obras. A 34 meses da abertura, marcada para 12 de junho, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, ainda há tempo de sobra para que essas opiniões se amenizem - principalmente se as obras enfim começarem a avançar de verdade. É de se esperar, aliás, que o brasileiro se anime um pouco mais quando o clima da Copa começar a ser sentido. Até agora, entretanto, o Mundial é um fiasco, reportagem completa aqui.

terça-feira, 2 de agosto de 2011