quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Para FGV, receita do futebol pode chegar a 1,1% do PIB



Por Rodrigo Pedroso - Valor 11/01
De São Paulo

O futebol brasileiro movimentou R$ 11 bilhões em 2010, mas a receita poderia ter sido quase cinco vezes maior caso o esporte tivesse uma exploração mais eficiente. A constatação está em estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas-Projetos (FGV-Projetos) e mede o impacto do esporte na economia nacional.

O cálculo do impacto do futebol na economia levou em conta não apenas a movimentação de setores diretamente ligados ao esporte, como clubes e entidades, vestuário, comunicação e serviços associados, mas também áreas que sofreram algum tipo de impacto, como serviços imobiliários e transportes.

A receita do futebol nacional teve potencial para chegar a R$ 62 bilhões em 2010, segundo Fernando Blumenschein, coordenador do estudo. O cálculo foi feito com base no que foi movimentado pelo futebol europeu naquele ano ajustado ao Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). "O potencial foi feito em relação ao benchmark dos clubes europeus. Se a estrutura e administração daqui fossem como a deles, seria isso que poderíamos gerar", afirma.

O coordenador acredita que alguns aspectos fundamentais precisam ser melhorados para que todos os setores que estão ligados de alguma forma com o esporte aumentem suas receitas: capacidade de exploração das marcas, venda de direitos de imagens, ocupação dos estádios, exportação do produto para outros continentes e melhor governança e administração dos clubes. "A discrepância não é à toa. Na Europa, há uma gerência melhor da cadeia produtiva como um todo e consegue-se agregar mais valor ao futebol", diz.

O estudo aponta que os clubes de futebol geraram 29% do potencial de sua receita - em 2010, os 783 times profissionais brasileiros movimentaram R$ 2,1 bilhões. Os contratos de licenciamentos renderam 3% de seu potencial e as receitas de estádios chegaram a 37% do que poderiam alcançar caso fossem melhor exploradas.

A Primeira Divisão do Campeonato Brasil, com 20 clubes, teve salário médio de R$ 3.813 (o estudo leva em conta todos os funcionários, incluindo jogadores, mas não contabiliza os valores referentes a direitos de imagem). No entanto, o vencimento mensal médio foi de R$ 2.107, sendo que para os times que não entraram em nenhuma das quatro divisões da disputa nacional o salário ficou em média em R$ 875. "A rentabilidade e a estrutura atuais concentram os valores. Se houvesse mais retorno no geral poderia se pagar salários mais altos", afirma Blumenschein.

O levantamento mostra também que o futebol gerou 371 mil empregos em toda a cadeia produtiva, enquanto os clubes por si só foram responsáveis por 30 mil deles. E assim como na movimentação geral, o potencial de empregos é quase cinco vezes maior do que o verificado: 2,1 milhões de ocupações ligadas ao esporte poderiam ter sido criadas.

Em relação ao PIB de 2010, o futebol, direta e indiretamente, foi responsável por 0,2% de tudo o que foi gerado no país no ano. Caso a receita total tivesse atingido seu potencial, ela representaria 1,1% do PIB. "O futebol é mal aproveitado. Até por ser uma paixão nacional, é um produto de grande demanda em todos os aspectos e que poderia ser muito mais rentável."

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