terça-feira, 22 de junho de 2010

DO GLOBO E DA FOLHA

(COLABORAÇÃO ACOELHOF)

Dunga é apologista da lei da mordaça – O Globo, 22/6/2010 Por Maurício Fonseca

Os métodos do técnico Dunga podem até dar resultado dentro de campo. Mas o custo tem sido altíssimo. Para atingir seus objetivos, o treinador e seu auxiliar Jorginho impuseram um regime de caserna à seleção. Quem não segue à risca as determinações pode ser punido, ou, na melhor das hipóteses passar por situação constrangedora.

A “Família Dunga” não foi formada pelo respeito ao chefe, e sim pelo medo.Com poderes absolutos outorgados pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e escorado pelos excelentes resultados conquistados nas quatro linhas, Dunga impôs seu estilo, que privilegia o confronto em detrimento do diálogo.

O treinador vive dizendo que o mais importante é a democracia, que todos podem falar o que querem, inclusive ele. Mas não aceita as críticas. Jamais admite que seu time foi mal e parte para o embate com quem discorda de suas controversas teses. Seus adversários prediletos são os jornalistas.

Sente prazer no confronto.

Quando a seleção vence, Dunga parte para o ataque, sem medir consequências. Não sabe ganhar. Nem ser contestado.O goleiro Gomes admitiu que teve um problema com Dunga. Convocado para os primeiros jogos sob o comando do treinador, ele não gostou da forma como foi abordado por Dunga após um jogo e retrucou.

Ficou três anos sem ser convocado. Muitos se surpreenderam com sua inclusão entre os 23 convocados para a Copa de 2010.Um integrante da comissão técnica pediu demissão do cargo, que ocupava havia oito anos, após ser destratado publicamente por Dunga, que não concordou com uma decisão tomada durante a Copa das Confederações do ano passado.

Um outro membro do staff da CBF diz suportar o treinador apenas para não perder o emprego. Também chegou a ser maltratado por Dunga na frente de testemunhas, por ter tomado uma atitude que desagradou ao técnico. Engoliu em seco e segue no cargo. Mas sequer dirige a palavra a Dunga.

Entre os integrantes da comissão técnica, com exceção de Jorginho, há um temor não disfarçado de desagradar ao chefe. Para evitar problemas, evitam-se as conversas e até mesmo os cumprimentos com pessoas de fora do grupo. Como não sabem o que pode vir a desagradar ao chefe, por via das dúvidas, preferem o silêncio, o anonimato.
Recentemente, um dos responsáveis pela segurança teve de conversar com um cinegrafista, durante um treino, sem olhar para o velho conhecido. Está instruído a não manter contato com a imprensa, teve de disfarçar o bate-papo.Isso também ocorre entre os próprios jogadores.

Há aqueles que não concordam com os métodos de Dunga, mas preferem se calar.

Hoje um líder na seleção, Kaká também teve problemas com o treinador. Pediu para não disputar a Copa América de 2007 e foi publicamente criticado por Dunga, com quem também se desentendeu por ter feito uma operação num momento crítico, quando o treinador estava ameaçado de demissão.

Sem falar no jogador que implorou a um jornalista que não fotografasse seu trabalho físico na piscina, pois temia que Dunga entendesse que ele avisara à imprensa para se promover. Na conquista da Copa América, em 2007, na Venezuela, Dunga quase deixou surdo um fotógrafo que registrava a comemoração dentro de campo, ao gritar uma série de palavrões no ouvido do jornalista.
Era um desabafo, mas logo contra quem jamais lhe fizera sequer uma pergunta.
Também xingou a mãe de um repórter antes do empate de 0 a 0 contra a Argentina, no Mineirão.

Naquele dia, Dunga conseguiu a proeza de unir as torcidas de Atlético e Cruzeiro, que o vaiaram e o xingaram.

Kaká critica colunista da Folha e se diz perseguido por ser religiosoFolha de S. Paulo – 22/6/2010

Kaká, principal nome da seleção, acrescentou mais um capítulo à polêmica entre a delegação brasileira e a imprensa: adotou a linha de Dunga e aproveitou para responder às críticas que recebeu de Juca Kfouri, colunista da Folha, na edição desta segunda-feira, após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim.

Ao ser questionado por André Kfouri, jornalista da emissora ESPN e filho do colunista, Kaká aproveitou para, ao terminar a resposta, responder as críticas que recebeu de Juca.
Na coluna em questão, o jornalista disse que Kaká joga com dores e pode antecipar sua aposentadoria do futebol.

"Há algum tempo os canhões do seu pai [Juca Kfouri] são disparados contra mim. Eu queria aproveitar a pergunta para responder às críticas que ele vem fazendo, e o que me deixa triste é que essas críticas não são pelo futebol, mas porque ele tem problemas comigo por causa da minha religião. Porque eu sou uma pessoa que segue Jesus Cristo. Eu o respeito como ateu, e gostaria que ele me respeitasse como [seguidor de] Jesus Cristo.
Não só a mim, mas a todos os milhões de brasileiros que acreditam em Jesus Cristo", disse Kaká, durante a entrevista coletiva.

Na coluna de segunda-feira na Folha, Juca escreveu:

"Kaká desmentirá, assim como o médico da seleção brasileira. Mas o fato é que ele está sofrendo para jogar esta Copa do Mundo e pode, como Guga, até encerrar sua bela trajetória no futebol muito mais rapidamente do que gostaria.

O mesmo problema que o maior tenista brasileiro de todos os tempos enfrentou no quadril Kaká enfrenta no púbis, segundo confidências de médico para médico que chegaram ao conhecimento da coluna horas antes de o Brasil enfrentar a Costa do Marfim", falou Juca, em sua coluna de ontem na Folha.

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